domingo, 9 de março de 2008

A Mercantilização do Estudo

Agradecemos a matéria enviada pelo nosso amigo Palpiteiro!!!

*** Por Antonio Carlos Scalise

Que nunca houve real boa vontade para com o estudo, a educação, a cultura no Brasil, é fato inconteste.Que sempre foi ostensivo à classe dominante no país transformar o povo em ponto de referência de educação é público e notório.Senão, como explicar o baixíssimo nível do ensino no Brasil, excetuando poucas instituições sérias, com nome a zelar e tradição passada a gerações.O baixíssimo nível de repetência no ensino público é forçado, encomendado, imposto, imoral. Aos que discordam, penas abertas ou mascaradas são aplicadas.Salas de aula completamente lotadas, indisciplina, violência, drogas. São problemas que não acabam mais.A qualidade do ensino? Não importa. Não interessa. Depois "a gente vê".Fui um aluno relativamente aplicado. Nunca dos melhores. Não tolerava lições-de-casa (somente quando valiam nota), nem debruçava-me sobre os livros.Mas assistia às aulas com atenção. Perguntava, pedia explicações quando não entendia o que me era ensinado. E isso me era suficiente para vencer cada ano.Mas meu grande e notório privilégio foi possuir meios suficientes para ter estudado num colégio onde se exigia qualidade no aprendizado.Estudei no Colégio Arquidiocesano de São Paulo, na Vila Mariana.Colégio de padres e irmãos onde, às vezes, a disciplina chegava ao tiranismo. Combatíamos, mas sem truculência, sem armas, sem violência. E sim com bom-humor e aquiescência. Mesmo à custa de vultosas somas, ninguém amolecia e a reprovação "comia solta". Basta ver que Educação Física era matéria curricular, com direito a prova escrita e média mínima de 7 pontos. Pasmem, meu irmão foi reprovado em religião.Naquela época surgia um colégio em São Paulo com uma proposta neo-liberal de ensino, com aulas coletivas (+de 200 alunos), microfones e aprovações mais "leves". Tratava-se do Colégio Objetivo.É evidente que a proposta brilhava aos olhos de todos nós, que corríamos aos nossos pais para pedirmos a transferência imediata. Alguns com sucesso, outros não.Nossos mestres (que hoje reverencio) desaconselhavam-nos, dizendo que seria a banalização e mercantilização do ensino. Exasperados, retrucávamos "é inveja", "interesse próprio"!O tempo passou, e hoje me deparo com uma notícia no mínimo absurda.-Um garoto de apenas 8 anos de idade, cursando a 5a. série do ensino fundamental, presta vestibular para Direito na Unip (do Colégio Objetivo) de Goiás e é aprovado.Os pais exigem a matrícula do filho (que pode até ser um gênio). Mas, como este garoto chegou à isso? Passou incólume à inscrição, à fiscalização, a tudo???É a tal banalização do ensino. A mercantilização, tudo aquilo que meus saudosos mestres apregoavam há mais 30 anos. E que nos exigiam o contrário, até com rudeza.A OAB pediu intervenção ao MEC, que é o maior órgão conivente com tudo isso. Por que não fiscaliza corretamente? Interfere nas verbas gastas com mídia por estas instituições?Quem anuncia mais, arrebanha mais!Isto sem citar as notas nos exames de avaliação dos 10 piores cursos superiores, onde uma mesma instituição teve 6 unidades relacionadas.Amigos, se algum dia alguém necessitar dos melhores advogados do país, não chamem o Márcio Thomaz Bastos.Chamem o garoto de Goiás!

Um comentário:

Anônimo disse...

Ótimo Texto, eh bom ver novos palpiteiros postando.... Estudei 8 Anos em Escola Particular, e quando fui cursar o Ensino Médio em Escolas Públicas, descobri que estava 2 ANOS A FRENTE DOS OUTRSO!!!! Não eh mentira, quando cheguei no Primeiro Ano, jah tinha visto 80 % das matérias que costavam no programa, eu que sempre fui da saudosa turma do fundão, dos bagunceiros, cheio de advertências, que soh queria saber de jogar bola, cheguei na outra escola como um " nerd ", não que eu fosse estudioso, mas eu tinha uma base 100 % MAIOR do que os outros colegas de Sala...... Msm gostando de uma boa bagunça, sempre mantive as notas boas ( o que causava desespero nos Professores rsrsrsrss ), mas ps será que a turma da bagunça da Particular eh diferente da turma da bagunça da Pública???? Seriam os Professores???? A base familiar conta mto tbm, mas a política de ensino da Escola Particular não permitia as msms situações que eu via na Escola Pública, como por exemplo, fumar no pátio, matar aula na Particular era impossível, na pública bastava não entrar na aula, mtos professores da Particular davam aula nas Públicas, mas não tinham o msm apoio da diretoria, a msm base de materiais, e tbm o msm interesse dos alunos.... Hj na Faculdade vejo o contrário, as Públicas são o exemplo e as Particulares apenas vendem o Ensino e não lecionam aulas, não deveria ser o contrário???? Ou ao menos que fosse uma constante melhora???? Estudo em um Faculdade Particular, onde qualquer um entra e passa, mas que conta com Professores que tbm dão aula em Públicas, procuro tirar o máximo disso, pensando no meu ensino e não em ter o diploma apenas por não ter faltas, dizem que os alunos que fazem a escola, realmente o interesse eh fundamental, mas sem a base de uma diretoria, sem o intuito de ter os melhores alunos, sem o interesse em passar educação não dá nada certo, no Estado o que peca eh o descaso......